Um golpe inovador envolvendo a ferramenta de pagamento instantâneo Pix tem chamado a atenção das autoridades policiais. Além dos roubos tradicionais de celulares, agora criminosos estão focando em desviar dinheiro de vítimas de forma remota, contando com a ajuda de funcionários terceirizados de empresas de telefonia. Na semana passada, a Polícia Civil de São Paulo prendeu cinco suspeitos de integrar uma quadrilha especializada em invadir celulares e desviar dinheiro pelo Pix e outros aplicativos bancários. Um sexto membro está foragido.
De acordo com o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil de São Paulo, a quadrilha operava não apenas na região metropolitana da capital, mas também em cidades como Santo André e Ribeirão Pires (SP), Caldas Novas (GO), Palmas (TO) e Brasília (DF), contando com o apoio das forças de segurança locais. A investigação, chamada de “Operação Linha Perdida”, resultou na prisão de cinco suspeitos e no cumprimento de 11 mandados de busca e apreensão, revela reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.
Segundo o delegado Pablo França, da 1ª Delegacia de Investigações Gerais (DIG) e do Grupo de Operações Especiais (GOE) do Deic, o esquema começava com a escolha de vítimas com base em dados vazados de score de crédito. A quadrilha enviava “programas espiões” para invadir os celulares das vítimas, ganhando acesso aos dados bancários. Funcionários terceirizados de operadoras de telefonia eram cooptados para configurar um novo chip com base nas informações obtidas. Com isso, as vítimas ficavam sem sinal em seus próprios celulares, sem suspeitar do golpe. Os criminosos, então, realizavam transferências por Pix para contas terceiras, conseguindo burlar os sistemas de segurança.
Entre os suspeitos detidos, há um hacker que teria desenvolvido o programa para os ataques virtuais, além de pelo menos dois funcionários terceirizados de empresas de telefonia, que teriam copiado os chips das vítimas. A operação, que durou aproximadamente um ano e meio, revelou também o estilo de vida luxuoso dos criminosos, com apreensões de documentos, chips, notebooks e celulares em mansões equipadas com mobiliário de alto padrão e veículos importados.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) alertou que os fraudadores normalmente entram em contato com as vítimas se passando por falsos funcionários do banco, induzindo a instalação de aplicativos maliciosos nos celulares. Para evitar tais golpes, especialistas recomendam não clicar em links suspeitos, manter senhas em locais seguros e, caso haja qualquer desvio de valores, contatar imediatamente a instituição financeira e registrar um boletim de ocorrência.