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27 novembro 2024

Eleitorado de Bolsonaro não liga pra crise

Folha – Os eleitores de Jair Bolsonaro (PL) se importam mais com o combate à corrupção e a defesa dos “valores da família” e menos com saúde, educação e emprego do que a média na hora de votar, mostra pesquisa Datafolha realizada na semana passada.

Enquanto 29% dos entrevistados no total dizem que a corrupção é a primeira, a segunda ou a terceira área mais relevante ao decidir quem será o próximo presidente, a parcela sobe para 40% entre os apoiadores do atual mandante.

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Bolsonaro tem tentado atribuir a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a imagem de ladrão em seus discursos, enquanto o petista desvia do assunto. Foi o que aconteceu no primeiro debate presidencial na TV, organizado por Folha, UOL e TVs Bandeirantes e Cultura em 28 de agosto, por exemplo.

Sua campanha avalia que a estratégia tem dado resultado nas pesquisas. O presidente e seus familiares, porém, acumulam casos de suspeita de corrupção, como o esquema da “rachadinha”, o balcão de negócios no Ministério da Educação e a compra de imóveis com dinheiro vivo.

Ao votar, os bolsonaristas também se preocupam mais com os “valores da família” —34% acham o tema prioritário, mais do que os 22% no geral e o dobro dos 17% entre apoiadores de Lula. Quanto à violência, o grupo tende a seguir o restante dos eleitores (32%).

Quando questionados sobre saúde, 73% dos bolsonaristas consideram o assunto fundamental na escolha. O valor fica abaixo dos 81% totais e mais longe ainda dos 86% dos apoiadores de seu principal rival.

O mesmo acontece com educação (prioridade para 69% dos apoiadores de Bolsonaro, contra 75% do total) e com emprego e renda (49% contra 57%, respectivamente).

A última pesquisa Datafolha, que ouviu 5.734 pessoas entre a última terça (30) e quinta (1º), também mostrou que 3 em cada 4 defensores do presidente concordam total ou parcialmente com a frase “política e valores religiosos devem andar sempre juntos para que o Brasil possa prosperar”.

A porcentagem é muito superior ao resultado geral (56%), dos apoiadores de Lula (50%) e principalmente de Ciro Gomes, do PDT (42%). O presidente lidera entre evangélicos, enquanto o petista desponta entre católicos.

Grande parte dos adeptos de Bolsonaro concorda ainda que “é mais importante um candidato defender os valores da família do que ter boas propostas para a economia” para ganhar seu voto: 71% acham isso, ante 60% do total e 59% dos lulistas.

O eleitorado que apoia o presidente registra também o menor desejo de mudança. Ainda assim, 29% deles querem que as ações do próximo presidente sejam diferentes das de Bolsonaro (a média é de 72%). A saúde é a área com maior insatisfação de bolsonaristas —41% querem novas ações.

O levantamento foi contratado pela Folha e pela TV Globo e está registrado na Justiça Eleitoral sob o número BR- 00433/2022. A margem de erro de dois pontos sobe para quatro apenas entre os eleitores de Ciro. A amostra dos demais candidatos é muito pequena para a análise.

 

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