Uma equipe de reportagem do grupo Jovem Pan precisou pedir socorro após ser hostilizada por militantes bolsonaristas na última terça-feira. Esta coluna de Splash teve acesso a conversas do grupo dos profissionais, que citam xingamentos, ameaças e falta de condições para realizar o trabalho em segurança.
Os profissionais de imprensa estavam identificados, com crachá da Jovem Pan e acompanhavam de perto a concentração do grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que rejeita a vitória eleitoral e a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Urgente, estamos sendo ameaçados aqui”, disse um profissional. “Dedo na cara desde que entrei pela última vez. Não consigo sair daqui”, explica outro. “Estamos cercados por muita gente. Só xingamentos”, afirma outro profissional do grupo Jovem Pan.
Militantes intervencionistas reagiram quando o repórter relatava ao vivo no Jornal da Manhã, da TV Jovem Pan News, que havia um clamor por um golpe militar nas faixas e palavras de ordem do protesto. A emissora de rádio e televisão faz ampla cobertura dos protestos, com entradas dos repórteres, ao longo do dia.
“Existe um chamamento para que haja então uma intervenção militar ou intervenção federal, é o que dizem os manifestantes a todo momento, para que possa ter exatamente isso”, afirmou o repórter, quando o grupo atrás dele começou a reagir negativamente. “Não, não”, gritaram.
Conforme relatou Splash, cinco militares da Polícia do Exército cercaram os profissionais de imprensa e pediram que os manifestantes se afastassem para que a equipe da Pan deixasse o local.
A base de apoiadores de Bolsonaro se identificava com a emissora, que tem programas e comentaristas simpáticos ao presidente. Bolsonaro recomendava a programação da Pan. Seus militantes fizeram campanha em defesa da emissora durante as eleições, quando foi punida pela Justiça Eleitoral, e alegou estar sob censura.
“Quem diria. Até a Jovem Pan foi hostilizada por bolsonaristas na porta do quartel em Brasília. O repórter saiu escoltado pelos soldados do Exército”, reagiu a deputada Joice Hasselmann (PSDB-SP) nas redes sociais.