Mídia Rondônia – Na manhã desta quarta-feira, 25, a cidade de Vilhena se vê envolta em uma densa fumaça proveniente de queimadas, persistindo mesmo após a chuva que ocorreu na tarde de terça-feira, 24. Esse fenômeno tem gerado preocupações ambientais e de saúde pública, uma vez que a fumaça traz consigo uma série de impactos negativos.
De acordo com Mauricio Torres, pesquisador do Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares (Ineaf) da Universidade Federal do Pará (UFPA), a utilização do fogo está diretamente ligada ao processo de apropriação de terras públicas não destinadas. “Esse fenômeno é histórico na região e reflete uma dinâmica de conflito territorial que se intensifica a cada ano”, afirma.
Torres explica que o ciclo de desmatamento e queimadas não apenas agrava a situação ambiental, mas também está interligado à prática da grilagem de terras. Essa prática visa a apropriação de áreas públicas, incluindo reservas indígenas e unidades de conservação, que ainda não têm destinação específica. Ele destaca que a grilagem é facilitada por anistias sucessivas, como as estabelecidas pelas Leis 11.962/2009 e 13.465/2017, que legalizaram invasões até 2008, criando um incentivo para novas ocupações.
“Um dos aspectos centrais desse processo de regularização fundiária é o desmatamento. Um auto de infração ambiental por desmatamento pode servir como prova de ocupação antiga. Se um invasor não foi autuado, ele deve apresentar imagens de satélite que comprovem o desmatamento realizado até 2008”, ressalta Torres.
A fumaça visível em Vilhena é um alerta sobre os perigos das queimadas e suas consequências, que vão além da poluição do ar e incluem a perda da biodiversidade e o agravamento das mudanças climáticas. A conscientização sobre essas práticas e seus efeitos é fundamental para a proteção do meio ambiente e da saúde da população local.