Uma moradora do Distrito Federal descobriu um câncer de pele após realizar um procedimento estético que acabou deformando o rosto dela, deixando-a com um buraco na região da testa. A mulher aponta erro médico e procura reparação judicial devido aos danos causados.
Entenda o caso
A chef de cozinha Eliane Carvalho (foto em destaque), 51 anos, promove serviços de buffet em eventos há pouco mais de duas décadas. Em um desses encontros, em 2020, ela conheceu uma biomédica que atua no DF. A profissional de saúde se apresentou, falou do trabalho dela e convidou a chef de cozinha a fazer uma harmonização facial, em sua clínica na 714/914 Sul.
Eliane e a biomédica combinaram que a harmonização seria paga por meio de permuta (acordo em que contratante e contratado trocam bens e/ou serviços sem envolver dinheiro no negócio). Já em 2021, o procedimento foi realizado e correu bem. “Eu fiz o buffet do casamento dela e ainda paguei cerca de R$ 2 mil como complemento”, conta a chef de cozinha.
Contudo, Eliane tinha um pequeno nevo (termo médico para pinta) no alto do nariz, próximo às sobrancelhas. Segundo a chef, aquela marca de nascença não incomodava, mas a biomédica insistiu para que ela retirasse o sinal.
“Eu me consultava há anos com dermatologistas para acompanhar essa e outras pintas que tenho pelo corpo. A do meu rosto nunca me incomodou, pelo contrário, eu achava o meu charme. Mas a biomédica sempre falava: ‘Nossa, seu rosto está ficando bonito com a harmonização, mas essa pinta é horrorosa. Vamos tirar, por favor’”, conta.
“Ela dizia que o sinal era feio, que a harmonização estava legal, mas que aquela marca de nascença atrapalhava o trabalho dela.”
De tanto a biomédica insistir, Eliane cedeu e autorizou a retirada da pinta. Foram feitas três sessões de cauterização, que deixaram, logo de início, uma cicatriz gritante. “Na correria do dia a dia, eu pensava que logo aquilo ia sarar, mas a marca não saía”, comenta a chef. “Ela dizia: ‘Ah, vai sarar’, e eu confiava.”
Em vez de cicatrizar, a marca da cirurgia no rosto de Eliane só crescia. Fora o constrangimento no dia a dia e no trabalho, a chef de cozinha tinha que evitar o calor do preparo de alimentos no rosto, o que acabou a impedindo de trabalhar em alguns momentos.
Câncer de pele
Três anos se passaram e, enquanto Eliane tentava conviver com as marcas ainda na esperança que elas sarassem, a filha dela marcou, em 2024, uma consulta com um dermatologista para investigar o porquê de as cicatrizes só crescerem. Nesse momento, veio a surpresa negativa. “Imediatamente, o doutor diagnosticou um câncer de pele”, relembra a vítima.
Com o diagnóstico, Eliane foi a um cirurgião-plástico para a retirada do tumor, em novembro do ano passado. Para além da cirurgia, os profissionais apontaram um erro médico quanto à remoção da pinta, afirma a paciente.
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