A integrante da Coordenação Nacional do Movimento Sem Terra (MST) Kelli Mafort descreveu o que chama de “reforma agrária para os ricos”, que, segundo ela, ocorreu durante o mandato de Jair Bolsonaro (PL) na presidência da República e no de Rodrigo Garcia (PSDB) em São Paulo. Mafort denunciou o lobby feito pelas elites agrárias no Legislativo para se apropriar de terras públicas: “Quem invade terra pública no nosso país é quem é rico. E aí acaba fazendo lobby depois no Congresso para poder legalizar a grilagem de terras, porque eles usurparam, né, falsificaram esses documentos. Então hoje, o que a sociedade brasileira precisa prestar bastante atenção: toda vez que a gente ouvir os termos “regularização fundiária” da boca de gente rica, e tem muita gente rica pleiteando isso lá no Congresso, a própria bancada ruralista defende isso, significa que eles estão querendo legalizar um grande crime no nosso país, que é passar terra pública para quem não precisa.”
“Então, o governo Bolsonaro fez sim uma reforma agrária, para os ricos. Ele passou muita terra pública do povo brasileiro para quem não precisa. Isso tendo 33 milhões de pessoas passando fome. É uma imoralidade o que Bolsonaro fez”, acrescentou a ativista.
A coordenadora do MST também classificou como uma “aberração” o fato de ter pessoas sem teto e sem terra no Brasil: “Tem muita coisa a fazer para o nosso país, temos uma potencialidade enorme de terras e o que a gente não pode ter é tanta gente sem teto, tanta gente sem terra, isso é uma aberração. Porque nós temos muito contingente de terras e muitas terras que são públicas. Terras, inclusive, nos estados. O Estado de SP também fez uma reforma agrária para os ricos: o governo Rodrigo Garcia junto com a Alesp passou 1 milhão de hectares de terras públicas devolutas para fazendeiros, abrindo um processo de legalização da grilagem.”