De acordo com a secretaria, as fraudes ocorriam em um posto de abastecimento de São Cristóvão, zona norte do Rio. Os policiais foram às ruas para cumprir cinco mandados de busca e apreensão em endereços ligados à quadrilha. O delegado titular, Pedro Brasil, informou que foram cumpridos três dos cinco mandados e apreendidos três celulares, um laptop e diversos documentos.
Segundo Brasil, o esquema lesou empresas privadas e entes públicos como os Correios, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Defensoria Pública do Estado do Rio. O grupo era formado por frentistas e motoristas de veículos ligados às empresas e aos órgãos públicos.
“A gente conseguiu cumprir três, porque dois eram em comunidades e a gente não conseguiu entrar. São mandados de busca e apreensão, não são de prisão”, revelou à Agência Brasil.
Conforme as apurações, os funcionários dos postos simulavam o abastecimento, com o consentimento dos motoristas, que assinavam o recibo de crédito, documento que garantia o pagamento ao estabelecimento. A sobra de dinheiro do caixa era apropriada pelos integrantes da organização. “Eles iam lá [no posto] para abastecer, não abasteciam de fato e passavam os cartões corporativos que dava o crédito. Como isso gerava uma sobra de caixa, os frentistas e os motoristas dividiam esse dinheiro”, disse.
O monitoramento no posto feito pela DDSD mostrou que só no período entre 26 de julho e 24 de agosto deste ano foram constatados 16 abastecimentos fraudulentos. De acordo com o delegado, as fraudes alcançaram R$ 100 mil por mês. Os agentes constataram, no entanto, que a prática vinha ocorrendo há mais tempo. “Depois que terminamos essa parte da investigação, outras informações foram chegando. Isso [o esquema] já acontecia há muito tempo e tem outras pessoas envolvidas. Por isso, não encerramos as investigações ainda. Esperamos que com a oitiva das pessoas e a análise dos dados de celulares apreendidos, a gente consiga chegar a outras vítimas”, disse.
A investigação utilizou imagens de câmeras de segurança e análise de documentos e dados do software das bombas de abastecimento, o que permitiu a identificação, até o momento, de cinco envolvidos, sendo três frentistas e dois motoristas, que serão ouvidos nesta terça-feira na delegacia. “Queremos saber se tem outros frentistas e motoristas envolvidos. Se tinha outros funcionários para saber que o número de criminosos é maior do que a gente tem até o momento. Eles estão com os advogados aqui para serem ouvidos”, completou.
O delegado disse que a polícia ainda não tem informação se as fraudes ocorriam também em outros postos. A identificação do posto onde o esquema era feito foi obtida a partir de denúncia do dono do estabelecimento. “Neste posto, conseguimos porque quem trouxe as informações foi o próprio dono, que é vítima nessa história. Os criminosos são os frentistas e os motoristas que utilizaram o posto para as fraudes e lesaram empresas privadas e entes públicos como MP, Correios e Defensoria. O posto não lucrava nada com isso”, afirmou.
Pedro Brasil acrescentou que o dono do posto chegou à conclusão que havia algo errado a partir da análise das notas do estabelecimento. “Uma funcionária dele, fazendo uma análise contábil, notou que algumas notas não estavam batendo com o horário do abastecimento. O posto tem um software. Eles perceberam isso e trouxeram os documentos para analisarmos. Isso partiu deles e conseguimos chegar a essa fraude. A partir daí, por meio de câmeras, a gente conseguiu controlar o que estava acontecendo. Os veículos entravam lá, passavam o cartão e não abasteciam.”
Agência Brasil