247 – A investigação da Polícia Federal (PF) sobre a destinação e transparência de emendas parlamentares, determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, tem deixado os parlamentares receosos de que as apurações resultem em uma espécie de “Lava Jato das emendas”. “Todo mundo está irritado, mas também agora com muito medo. Ninguém sabe onde isso vai parar. E não fica só no Congresso. O que falam é em uma ‘Lava Jato das emendas'”, disse um líder partidário à coluna da jornalista Daniela Lima, do g1.
No último ano, o Congresso distribuiu aproximadamente R$ 50 bilhões em emendas, cujos critérios foram considerados insuficientes e, há dois anos, ilegais pelo Supremo. A investigação sobre as emendas começou com a ministra aposentada Rosa Weber e, atualmente, é conduzida pelo ministro Flávio Dino, que interrompeu a execução dos pagamentos e acionou a PF para investigar diversos indícios de desvio de recursos públicos.
Esses desvios de emendas já resultaram em cenas inusitadas, como um vereador jogando pela janela uma mala com R$ 200 mil ao ser surpreendido pela Polícia Federal. A distribuição dos recursos sempre foi centralizada em figuras de destaque como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o que intensifica a sensação de que as investigações podem criar um ambiente ainda mais hostil entre o governo e o Parlamento.
Há também um crescente movimento entre os próprios parlamentares para acusar colegas de malversação de dinheiro público. “A relação entre Judiciário, Governo e Legislativo está tensa e é muito difícil de mudar. As apurações indicam muito dinheiro destinado a entidades inexistentes. Agora que começou a mexer, o Dino indica que vai até o fim. Está difícil projetar um cenário de tranquilidade”, disse outro presidente de partido ligado ao Centrão.