O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve no Aeroporto Internacional de Brasília na manhã deste sábado (18) para acompanhar a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que viajará aos Estados Unidos para a posse do presidente eleito Donald Trump. No local, o ex-capitão chorou ao comentar a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, sem mencioná-lo diretamente.
Na sexta-feira (17), Moraes negou o recurso de Bolsonaro, que pedia a liberação de seu passaporte para participar da cerimônia de posse nos Estados Unidos. O ministro manteve a decisão anterior e encaminhou o caso à Procuradoria-Geral da República para análise.
“Estou chateado, estou abalado ainda, né? Mas eu enfrento uma enorme perseguição política por parte de uma pessoa. Essa pessoa decide a vida de milhões de pessoas no Brasil. Ele e mais ninguém. Ele é o dono do processo. Ele é o dono de tudo. Quando quer ignora o Ministério Público, faz o que bem entende. O objetivo é eliminar a direita do Brasil”, declarou o ex-presidente.
Bolsonaro não poupou ataques ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e afirmou que não há possibilidade de sucesso do governo com um “bebum dirigindo”. Ainda voltou a espalhar fake news, defendeu o voto impresso e sugeriu relações de Lula com traficantes no Complexo do Alemão.
Em 2022, Lula usou um boné com a sigla “CPX” em caminhada de campanha no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro e virou alvo de ataque de bolsonaristas nas redes sociais, que disseram que o acrônimo é de uma gíria de grupos criminosos, o que não é verdade. Bolsonaro repete as mentiras.
“A minha luta pelo voto impresso começou para valer em 2012. Tive aprovado uma emenda minha quando Rodrigo Maia era relator de uma mini reforma eleitoral. Dilma vetou. Nós derrubamos esse veto. Ai o Supremo disse que o voto impresso coloca em risco a segurança das eleições. Deixo claro, somente por intermédio do voto impresso, nós podemos reconhecer a fraude na Venezuela”, afirmou.
“Vale a pena falar também, que por ocasião do período eleitoral, eu não pude mostrar nada, não pude mostrar imagens do 7 Setembro, imagens do enterro da rainha Elizabeth, imagens da minha passagem pela ONU, mostrar o Lula defendendo aborto, mostrar o Lula no Complexo do Alemão em encontro com políticos que só foram eleitos graças a benção dos traficantes”.
Bolsonaro citou os ataques de 8 de Janeiro e afirmou se tratar de uma “encenação”. Ele também voltou a admitir que “discutiu hipóteses” com comandantes após o resultado da eleição de 2022. Ele minimizou que as discussões tivessem teor golpista:
“Qual é o motivo da prisão do general Braga Netto? Que plano é esse? Mostra a tal da minuta de golpe. Discuti hipóteses, como disse o comandante do exército, de dispositivos constitucionais. Isso não é golpe. Quando se fala em estado de sítio o presidente primeiro tem que ouvir os conselhos da república e da defesa, depois mandar mensagem para o Congresso. Se o Congresso aceitar, ai o presidente baixa decreto. Se isso acontecesse, seria golpe? Não. Nem a reunião com os conselhos eu tive”.
O ex-presidente também criticou a impossibilidade de deixar o país sem ter uma condenação judicial. “Sou investigado desde 2019, naquele fatídico inquérito das fake news, que está completando seis anos. Há dois anos aconteceu o 8 de janeiro e até hoje não sabem quem liderou a tentativa de golpe, segundo eles. Que golpe foi esse?”, questionou.
“Eu represento a direita no Brasil. Lamentavelmente não pude comparecer nesse evento nos Estados Unidos sem ter uma condenação sequer. A imprensa do mundo todo vem noticiando isso daí. Não vão nos vencer por narrativas. Não pode uma pessoa no Supremo Tribunal Federal, servorado o dono da verdade, o dono do mundo, decidir o que faz com a vida de quem quer que seja.”
Ainda no aeroporto, Michelle Bolsonaro comentou sobre a situação do marido e reafirmou sua confiança na inocência dele. “Deus vai ter misericórdia da nossa nação. Meu marido está sendo perseguido. Mas, assim como aqueles que Deus envia, serão perseguidos”, disse, ao lado do ex-presidente.
Metrópoles