247 – O ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar o inquérito da Polícia Federal que apura uma tentativa de golpe de Estado após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante uma live realizada neste sábado (23) no perfil do ex-ministro do Turismo Gilson Machado, Bolsonaro ironizou as investigações, classificando-as como uma busca por “chifre em cabeça de cavalo”. Ele também criticou as recentes prisões de militares, consideradas injustas por ele.
“Uma coisa absurda essa história de golpe. Vai dar golpe com um general da reserva e quatro oficiais superiores? Pelo amor de Deus. Cadê a tropa? Cadê as Forças Armadas? Não fiquem botando chifre em cabeça de cavalo”, disse Bolsonaro, que está em São Miguel dos Milagres (AL), a convite de Gilson Machado.
O ex-presidente ironizou as acusações da PF, mencionando que, segundo as investigações, o plano golpista envolvia táticas improvisadas: “Golpe agora não se dá mais com tanque, se dá com táxi. E parece que o sequestro não saiu porque não tinha táxi na hora. É uma piada essa PF do Alexandre de Moraes”, afirmou.
Críticas às prisões dos militares
Bolsonaro também condenou as prisões preventivas de quatro militares na última terça-feira, incluindo o general da reserva Mário Fernandes e os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo. Eles são conhecidos como “Kids pretos”, integrantes das Forças Especiais, e foram detidos sob a acusação de planejar e executar ações ilícitas ligadas à tentativa de golpe. Além dos militares, o policial federal Wladimir Matos Soares também foi preso.
“Esses que estão sendo presos injustamente agora, de forma preventiva, não encontram um só respaldo na lei que autorize essas prisões”, criticou Bolsonaro.
Plano “Punhal verde-amarelo”
A investigação da Polícia Federal revelou que o plano golpista, batizado de “Punhal verde-amarelo”, incluía o assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Segundo a PF, o documento foi impresso no Palácio do Planalto pelo general Mário Fernandes, então número dois da Secretaria-Geral da Presidência, que também foi preso e indiciado.
Registros indicam que o general fez seis cópias do plano em dezembro de 2023 e participou de uma reunião no Palácio da Alvorada no mesmo mês, junto com outros aliados de Bolsonaro. A investigação aponta que os “Kids pretos” utilizaram seus conhecimentos militares para coordenar as ações.
Defesa de Bolsonaro
Em nota, a defesa do ex-presidente reiterou que ele “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito”. Em uma entrevista ao portal Metrópoles, Bolsonaro negou envolvimento no plano e afirmou que “não é crime discutir a Constituição”.
Durante a live, Bolsonaro também tratou de outros temas, incluindo a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e sua derrota nas urnas no Nordeste no último pleito. As declarações somam-se às reiteradas críticas do ex-presidente às investigações conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes.