DCM– O número de pessoas vivendo em situação de rua nos Estados Unidos atingiu um marco histórico em 2024. Um relatório divulgado pelo Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano (HUD) revelou que, em janeiro deste ano, 771.480 pessoas estavam sem moradia no país, um aumento de 18% em relação ao ano anterior. Isso equivale a cerca de 23 pessoas em situação de rua a cada 10.000 habitantes, um dado alarmante para a maior economia do mundo.
O aumento expressivo é atribuído a diversos fatores, incluindo a inflação persistente, os altos custos de moradia como consequência da especulação imobiliária e salários estagnados para famílias de baixa e média renda.
Em janeiro de 2024, o aluguel médio nos Estados Unidos estava 20% mais alto do que no mesmo período de 2021, dificultando ainda mais o acesso à moradia. Além disso, o fim de programas de proteção econômica e de proibição de despejos, implementados durante a pandemia de covid-19, agravou a crise.
Outro ponto crítico levantado pelo relatório é a desigualdade racial na situação de rua. Pessoas negras, que representam 12% da população estadunidense, constituem 32% dos sem-teto no país. Latinos e hispânicos, por sua vez, somam 30,6%, o equivalente a 235 mil pessoas. Essa disparidade reflete os impactos de fatores como racismo sistêmico e desigualdade estrutural, destacados pela HUD.
A crise afeta especialmente crianças e adolescentes. Segundo o levantamento, quase 150.000 menores de 17 anos estavam sem moradia em janeiro, um aumento de 33% em relação a 2023. Este foi o maior crescimento proporcional entre os grupos analisados, o que também pressionou a taxa de famílias com crianças em situação de rua.
A migração e os desastres naturais também figuram como fatores agravantes. O relatório apontou que essas situações desestabilizaram muitas famílias, especialmente nos estados mais afetados, como Califórnia e Nova York. A Califórnia lidera em números absolutos, com 187 mil pessoas sem moradia, das quais 66% vivem nas ruas, sem acesso a abrigos. Nova York ocupa a segunda posição, com 158 mil pessoas em situação de rua.
Adrianne Todman, chefe da HUD, ressaltou a necessidade de medidas urgentes para mitigar o problema. “Embora esses dados sejam quase de um ano atrás e não reflitam mais a situação atual, é crucial que nos concentremos em esforços baseados em evidências para prevenir e acabar com a falta de moradia”, afirmou em nota. (DCM)