Quase 1,5 milhão de imigrantes estão sob ordem de deportação nos Estados Unidos, sendo 38 mil brasileiros, segundo dados do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE) referentes a novembro de 2024. Os números, obtidos pela Folha de S.Paulo, englobam estrangeiros que tiveram processos analisados pela Justiça estadunidense, mas que ainda permanecem no país.
O relatório do ICE destaca que nem todos os imigrantes com sentença de deportação são efetivamente removidos do território americano. Em muitos casos, eles buscam recursos legais, como pedidos de asilo ou proteção pela Convenção Contra a Tortura, tratado da ONU de 1984.
De acordo com o Pew Research Center, em 2022, cerca de 11 milhões de pessoas viviam de forma irregular nos EUA. Desse total, 230 mil eram brasileiros, um número expressivamente maior do que na década anterior. O Itamaraty estima que há aproximadamente 2 milhões de brasileiros no país, sem especificar o status migratório.
Apesar da grande presença de imigrantes brasileiros, as deportações seguem ocorrendo. Em 2023, 1.859 cidadãos do Brasil foram expulsos do país. Na última sexta-feira (24), um grupo de 88 deportados desembarcou em Manaus.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram que muitos estavam algemados nos pés e nas mãos, o que contraria um acordo diplomático entre Washington e Brasília. Alguns relataram agressões e maus-tratos durante o voo.
O governo brasileiro busca revisar os termos do acordo de deportação, solicitando que os imigrantes retornem sem algemas e que os EUA apurem as denúncias de maus-tratos. O ICE, no entanto, aponta dificuldades para a remoção de imigrantes, citando a falta de cooperação de algumas nações. O Brasil, segundo o órgão, não está entre os países que dificultam as deportações.
Enquanto isso, a questão migratória ganha força no debate político americano. O presidente Donald Trump prometeu, durante sua campanha, implementar a maior deportação em massa da história dos EUA. Especialistas, porém, acreditam que essa medida pode enfrentar desafios operacionais e econômicos.
Entre 2017 e 2021, no primeiro mandato de Trump, cerca de 1,5 milhão de imigrantes foram deportados. Entretanto, segundo o American Immigration Council, remover todos os 13,3 milhões de imigrantes ilegais ou com status temporário revogável custaria aos EUA cerca de US$ 315 bilhões (R$ 1,8 trilhão).