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24 outubro 2024

O doutor Miguel Vieira Ferreira e sua luta em prol da abolição

A falta da liberdade no ensino mata as sociedades. A falta de liberdade geral entorpece a marcha social e o progresso. Para que a força dos homens seja utilizada é preciso que todos frequentem a escola. (Doutor Miguel Vieira Ferreira)

O Doutor Miguel Vieira Ferreira, sempre lutou pela igualdade de direitos, e no que diz respeito à abolição, Seus ideais de liberdade manifestaram-se com grande pujança e amplitude nas ações desenvolvidas na Manumissora 28 de Julho em 1869, e da qual, juntamente com o Dr. Tolentino Machado, o Doutor Miguel foi um dos Sócio Instaladores. Este órgão caracterizou-se como o único naquela época a defender abertamente a abolição.
A Sociedade Manumissora Vinte e Oito de Julho foi uma das entidades maranhenses que representou bem o que estava disposto na lei do Ventre Livre mas antes dessa lei existir e alforriou muitos escravizados por sua própria custa.
O Doutor Miguel Vieira Ferreira, apresentou ao Império um plano de libertação gradual, visando também a instrução dos cativos, com a criação de um fundo de manutenção para custear todo o processo. O plano estava estruturado nas seguintes estratégias: a primeira é a decretação imediata do ventre livre. A segunda trata do futuro das crianças libertas, que deveriam ficar com as mães até a idade de um ano e meio e depois ficar sob custódia do governo até os 5 ou 6 anos, em escola que denomina Colégio de Libertos, de onde passariam para os grandes Arsenais do Governo, afim de receberem instrução escolar e profissional. Em seguida, constituindo a terceira estratégia, seriam libertos anualmente um certo número de escravos que deveriam ser submetidos ao mesmo sistema, ficando sob direção do governo por um período de dez anos com trabalho remunerado e cujos salários seriam revertidos para um fundo com o fim de custear a manutenção e o processo educativo das crianças libertas bem como a alforria de novos escravos. Por fim, a quarta estratégia, diz respeito às mulheres libertas, que deveriam também receber instrução escolar e profissional, sugerindo Ele como exemplos, os ofícios de parteiras e tipógrafas.
Todo o processo levaria vinte e cinco anos, e não causaria um colapso na agricultura, cujo braço escravo sustentava. As crianças cresceriam instruídas e educadas profissionalmente, – oportunidade negada à maioria dos escravos libertos em mesmo depois da Lei Áurea (1888) -, e homens e mulheres seriam remunerados pelo seu trabalho, receberiam instrução escolar e profissional e teriam, num futuro próximo, um lugar digno e merecido na sociedade.
Este plano de libertação tinha aspectos que apontavam uma visão muito além do tempo, pois na ocasião nem as mulheres livres, não escravas, tinham acesso à educação.
O Jornal O Liberal do Maranhão, também fundado pelo Doutor Miguel, do qual foi um dos redatores, e as inúmeras conferências realizadas, algumas vezes em praças públicas, foram os meios que utilizou para divulgar suas ideias sãs de liberdade.
Educar a todos, garantindo igualdade de direitos num Brasil escravocrata, de regime político de rígida opressão, é de fato admirável! Lutar pela liberdade e igualdade de direitos chocando de frente as leis, os preconceitos e os interesses dos grandes, é um feito heróico! Se o Brasil tivesse acolhido o plano de libertação proposto pelo Doutor Miguel, hoje não teríamos um Brasil ainda preconceituoso.

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