Vilhena se tornou uma Ilha de Calor. O “apelido” não é exagero ou alarmismo, mas sim, definição técnica de meteorologistas. É este o fenômeno que acontece em cidades onde a zona urbana é muito mais quente que as áreas vizinhas mais arborizadas, como a zona rural, por exemplo. Em meio à elevação extraordinária da temperatura na cidade, que há muitos anos tinha orgulho em ser chamada de “Cidade Clima da Amazônia”, Raquel Donadon disse ter propostas de seu Plano de Governo que estão relacionadas ao Meio Ambiente e à zeladoria urbana que impactam diretamente na temperatura da cidade.
“Nas gestões que estive na Prefeitura, lembro bem, e quem é adulto hoje também lembra: a cidade era muito mais fresca, as praças tinham mais árvores, os canteiros eram mais arborizados e não passávamos calor à noite. Sabemos que o planeta inteiro está aquecendo, mas a temperatura da zona urbana de Vilhena é responsabilidade nossa. E a Prefeitura precisa ter papel decisivo nisso, dar o exemplo”, conta Raquel.
Além disso, muitos incêndios espontâneos, como os registrados nos últimos dias, podem ser originados pelo crescimento de vegetação em lotes vazios e descarte de lixo (papel, vidro ou madeira) de forma irregular. “Há uma lei para combater incêndios e despejo de lixo na zona urbana. Ela está sendo aplicada? Há fiscalização? Com a palavra, a população”, reflete Raquel Donadon.
A professora federal enfatiza que em seu Plano de Governo há 12 propostas principais para o Meio Ambiente, que se desdobrarão em outras mais. Boa parte delas colaborará para reduzir a temperatura do município. No planejamento está previsto o plantio em grande escala de árvores em praças, parques, canteiros, órgãos públicos, matas ciliares, playgrounds, escolas e áreas verdes em geral, visto que esta é uma atividade que, há muitos anos, permanece esquecida no município. Com mais sombra na cidade, mais árvores liberando vapor d’água no ar através da evapotranspiração e mais filtragem de gases poluentes, o resfriamento do ar e da sensação térmica são consequências diretas.
“Fiz projetos de plantio com alunos em 2017, em minha última gestão. Envolver as mais de 10 mil crianças das escolas municipais fará dessa iniciativa a maior já vista. Porém, hoje, com a falta de água que há hoje em muitos bairros, ninguém tem vontade de plantar árvores ou grama. Sem roteiros ecológicos turísticos no município, poucos vão admirar os recursos naturais. Sem a criação de novos parques, como o Parque Ecológico que criamos próximo ao Ifro, a cidade não terá áreas verdes para resfriar sua temperatura. Nesse quesito ambiental, infelizmente, teremos muito trabalho a desenvolver. O importante é que sabemos como resolver”, comenta Donadon.
Uma das intenções é conectar efetivamente o Parque Ecológico à Casa de Rondon e à praça atualmente abandonada perto do museu, criando uma grande área verde de interesse para a comunidade. Moradora há 50 anos de Vilhena, ela defende ainda a construção de uma Central de Reciclagem de Resíduos, que, em parceria com cooperativas de catadores, e com a reativação da Coleta Seletiva (hoje abandonada), receberá resíduos de toda a cidade coletados pela Prefeitura, após a limpeza de terrenos baldios por todos os bairros por meio de uma grande força-tarefa contínua, aplicando a lei municipal para a retirada de vegetação e entulhos.