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Porto Velho
14 outubro 2024

Senador rondoniense é novamente denunciado como beneficiário de invasão de terras indígenas

O jornal Folha de S. Paulo veiculou na edição do último sábado, 17, texto da ativista Txai Suruí. O artigo tem como base informações divulgadas pela ONG (Organização Não-Governamental) “De Olho nos Ruralistas” por meio de um dossiê.

Entre os dados, a instituição alega que a fazenda de Jaime Bagattoli, do PL, senador de Rondônia, está invadindo Terra Indígena no estado, em Corumbiara.

O Portal UOL deu repercussão à situação

Quem ganha com invasões

Por Txai Suruí

Quem se beneficia da invasão de terras indígenas no Brasil? Quem são os verdadeiros invasores? Mesmo diante da emergência climática e da preocupação global com nossas florestas e o clima, por que nossos parlamentares insistem em uma política antiambientalista e anti-indigenista? Quem ganha com a aprovação de projetos de lei como o 2903/23, que agora corre no Senado?

Por que dificultar a demarcação das terras indígenas quando essa é a medida mais apoiada pela população, de acordo com uma pesquisa da CNT?

No último dia 14, o site “De Olho nos Ruralistas” lançou a segunda parte do dossiê “Os Invasores: parlamentares e seus financiadores possuem fazendas sobrepostas a terras indígenas”. Essa parte do dossiê mostra 42 políticos e seus familiares que são donos de propriedades rurais com sobreposições em terras indígenas, totalizando 96 mil hectares. Entre eles estão o senador Jaime Bagattoli (PL-RO) e os deputados federais Newton Cardoso Júnior (MDB-MG) e Dilceu Sperafico (PP-PR). Além disso, o relatório menciona 18 parlamentares que fazem parte da Frente Parlamentar Agropecuária e são financiados por empresários com sobreposições em terras indígenas.

O financiamento dos invasores que possuem propriedades sobrepostas a terras indígenas chega a R$5.313.843,44 e beneficiou 29 campanhas, incluindo as eleições presidenciais, governos estaduais, Congresso e Assembleias Legislativas. Entre os parlamentares que fazem parte da FPA, eles foram beneficiados com R$3.644.831,95.

O senador Jaime Bagattoli, do PL de Rondônia, é o maior beneficiário da FPA, recebendo R$2,98 milhões em doações de seu irmão e sócio, donos da Transportadora Giomila e da Fazenda São José, que se sobrepõe à terra indígena demarcada e homologada Rio Omerê, onde vivem os povos Akuntsu e Kanoê.

O senador Bagattoli, que possui a maior quantidade de Cadastros Ambientais Rurais sobrepostos a territórios indígenas em seu estado, será um dos parlamentares que irão votar no PL 2309/23, antigo PL 490/2007, que legisla a tese do marco temporal e dificulta a demarcação de terras para povos indígenas no Brasil.

Não devemos nos enganar pensando que aqueles que propõem um genocídio legalizado, não apenas contra os povos indígenas, mas contra o presente e o futuro das próximas gerações, não sabem as consequências de seus atos. Eles estão preocupados e interessados apenas em legislar em benefício próprio e continuar lucrando com a violação de nossos direitos e com a venda de nossas vidas.

Txai Suruí é a coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia.

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