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25 novembro 2024

“Carrego isso comigo há 11 anos”, diz nova vítima de médico foragido

O dia 12 de novembro de 2012 não sai da cabeça de uma aposentada de 65 anos que, desde então, guarda com revolta e vergonha um abuso sexual, segundo ela, sofrido durante uma consulta com o médico proctologista Paulo Augusto Berchielli, de 63 anos.

Ele teve a prisão por tempo indeterminado decretada pela Justiça e seguia foragido até a publicação desta reportagem.

Em novembro de 2012, a agora aposentada trabalhava grande parte do dia sentada e tinha intervalos curtos para se alimentar. Por causa disso, ela consumia sanduíches no almoço e não tinha tempo para se exercitar. “Comecei a sentir dores. Fui no médico do trabalho e ele me indicou para ir até um proctologista. Nem sabia na época que existia esse tipo de médico”.

A mulher, então, foi ao consultório de Berchielli, na zona leste da capital paulista. Assim que chegou, ele pediu para ela se deitar de barriga para cima na maca. O cirurgião então começou a apertar a barriga da paciente, para identificar as regiões onde ela sentia dor.

Ao terminar, ele teria afirmado que precisava realizar um exame mais invasivo, para ter certeza do que a mulher poderia ter. Foi quando ele pediu para ela tirar a calcinha. “Até aí, não tinha estranhado nada ainda, porque nos ginecologistas que eu ia acontecia a mesma coisa.”

Ao retornar do banheiro, sem a roupa íntima, a paciente deitou novamente na maca, mas de bruços. O médico então, segundo a aposentada, mostrou para ela um objeto, parecido com um desodorante. “Ele falou que iria usar isso para fazer o exame, introduzindo o aparelho em meu ânus.”

Anestesia local

Antes do exame, relembra a paciente, o proctologista passou uma pomada anestésica na região anal dela. Ele também cobriu a mulher com um lençol, que a impedia de ver o que era feito às suas costas. A maca foi reclinada e a vítima ficou em uma posição, como se estivesse agachada.

O suposto exame durou ao menos cinco minutos, segundo a mulher. Quando ela, por fim, decidiu tirar o lençol, após perceber que os movimentos haviam terminado, garante ter visto o médico limpando a região íntima. Em seguida, ela foi ao banheiro, momento no qual constatou que seu ânus estava com sangue e a “gosma”.

Constrangida, a vítima pediu um atestado, para comprovar no trabalho que havia passado em consulta. O documento, porém, só foi entregue à mulher no dia seguinte, quando ela precisou voltar ao consultório. “Acho que ele pensou que iria conseguir me estuprar de novo. Mas quando percebeu que não ia dar certo, me deu o atestado e fui embora, para nunca mais voltar”.

Ela não denunciou o cirurgião na ocasião, porque sentiu medo e achava que estava sozinha. Por fim, a vítima decidiu tornar sua história pública após ver reportagens sobre o médico, publicadas desde a semana passada pelo Metrópoles.

A mulher acrescentou, ainda, que pretende registrar um boletim de ocorrência sobre o caso, para engrossar o coro de denúncias contra o cirurgião.

Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), também em nota, afirmou investigar o cirurgião “sob sigilo determinado por lei” e seguindo os prazos processuais determinados pelo Código de Processos Éticos Profissionais do Cremesp. “Qualquer manifestação adicional por parte do conselho poderá resultar na nulidade do processo”, acrescentou.

Por meio da Secretaria da Segurança Pública (SSP), a 5ª Delegacia de Defesa da Mulher afirmou que segue com diligências “para localizar e prender o autor”.

Em foto colorida homem branco de olhos azuis, sem barba, vestindo camiseta verde musgo - Metrópoles

Metrópoles

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