O prefeito de Urussanga, Gustavo Cancellier (Progressistas), e dois vereadores foram presos preventivamente nesta terça-feira (16) na segunda fase da Operação Terra Nostra. Com ele, Santa Catarina soma 19 chefes de executivo detidos em dois anos (veja a lista mais abaixo e os motivos).
Um ex-servidor comissionado também foi detido na ação desta terça. A investigação apura os crimes de organização criminosa, falsidade ideológica, uso indevido da renda pública e contratação direta fora das hipóteses legais.
Segundo a Polícia Civil, o agora ex-servidor comissionado pediu exoneração do cargo na sexta-feira (12). Em nota, a câmara disse que “não foi comunicado oficialmente e nem teve acesso aos autos da operação”.
“A Câmara se compromete em zelar pela transparência e a continuidade do bom trabalho e aguarda a manifestação dos órgãos judiciais para a tomada das decisões com o objetivo de reestabelecer a moralidade no município”, disse.
A Defesa do prefeito disse que vai trabalhar para reverter a decisão (leia a íntegra no fim do texto).
Operação em Urussanga
A primeira fase da operação aconteceu em março, quando os policiais investigavam a aquisição de um imóvel, por parte de executivo municipal, com valor, ao que tudo indica, superfaturado. Com o avanço da apuração, a polícia descobriu que ao menos duas propriedades foram compradas dessa forma.
As investigações seguem para identificar novos suspeitos no esquema. As penas dos delitos investigados, se somadas, podem chegar a 33 anos de reclusão.
Cancellier havia sido afastado do cargo em 20 de maio de 2021, como parte das investigações da Operação Benedetta, da Polícia Federal, que apura supostas irregularidades na pavimentação do município. Ele voltou ao posto em 2022, após uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Atualmente, o prefeito é presidente da Associação dos Municípios da Região Carbonífera (AMREC). Em nota, a entidade disse que “antes de qualquer pronunciamento oficial sobre o assunto, como a associação não teve acesso aos autos, nem foi comunicada oficialmente, nesse momento irá aguardar os desdobramentos antes de emitir qualquer manifestação”.
Prefeitos presos em Santa Catarina
Nos últimos dois anos virou recorrente a prisão de prefeitos de cidades catarinenses por suspeitas de crimes relacionados à corrupção.
Dezesseis prefeitos foram detidos em decorrência da operação Mensageiro, que investigou um esquema envolvendo corrupção em contratos de limpeza urbana em cidades de várias regiões do estado.
O prefeito de Barra Velha (SC), Douglas Elias Costa (PL), foi detido na operação Travessia, deflagrada pelo Ministério Público Estadual (MP-SC). Ari Bagúio (PL), de Ponte Alta do Norte, foi preso em uma ação que apura um suposto esquema envolvendo serviços de limpeza no município.
Gustavo Cancellier (PP)
Ari Bagúio (PL), de Ponte Alta do Norte
Douglas Elias Costa (PL), de Barra Velha
Luiz Henrique Saliba (PP), de Papanduva
Antônio Rodrigues (PP), de Balneário Barra do Sul
Antônio Ceron (PSD), de Lages
Vicente Corrêa Costa (PL), de Capivari de Baixo
Marlon Neuber (PL), de Itapoá
Joares Ponticelli (PP), de Tubarão
Luiz Carlos Tamanini (MDB), de Corupá
Deyvisonn de Souza (MDB), de Pescaria Brava
Armindo Sesar Tassi (MDB), de Massaranduba
Adriano Poffo (MDB), de Ibirama
Adilson Lisczkovski (Patriota), de Major Vieira
Patrick Corrêa (Republicanos), de Imaruí
Luiz Divonsir Shimoguiri (PSD), de Três Barras
Luiz Antonio Chiodini (PP), de Guaramirim
Alfredo Cezar Dreher (Podemos), de Bela Vista do Toldo
Felipe Voigt (MDB), de Schroeder
O que disse a Câmara de Urussanga
“O Legislativo Municipal esclarece que ainda não foi comunicado oficialmente e nem teve acesso aos autos da operação que resultou na prisão de dois vereadores e do prefeito Municipal.
A Câmara se compromete em zelar pela transparência e a continuidade do bom trabalho e aguarda a manifestação dos órgãos judiciais para a tomada das decisões com o objetivo de reestabelecer a moralidade no Município”.
O que diz a defesa do prefeito
O advogado JEFFERSON MONTEIRO, que patrocina a defesa do prefeito de Urussanga/SC, Sr. LUIZ GUSTAVO CANCELIER comunica que se manifestará oficialmente após ter acesso ao procedimento criminal (ainda em SIGILO) que culminou na 2ª FASE DA OPERAÇÃO TERRA NOSTRA.
No entanto – respeitando a decisão do E. tribunal de Justiça e o trabalho da Polícia Judiciária – esclarece que não medirá esforços para reverter a decisão que culminou na segregação cautelar do Chefe do Poder Executivo, notadamente porque desde a deflagração da 1ª FASE vem arregimentando vasta documentação a qual demonstra não haver superfaturamento dos imóveis adquiridos pela municipalidade.
Por fim, registra que confia nas instituições, sobretudo no PODER JUDICIÁRIO, e que a inocência do Prefeito LUIZ GUSTAVO CANCELIER será demonstrada, não sem antes seja restituída a sua liberdade
G1