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23 novembro 2024

8 pacientes perdem olho por infecção após mutirão de cirurgias

Pelo menos 8 dos 15 pacientes que tiveram complicações após um mutirão de cirurgias de catarata em Parelhas, a 245 km de Natal, no mês passado, precisaram retirar o globo ocular afetado. A informação foi confirmada nesta terça-feira (15) pela Secretaria de Saúde do município.

O mutirão aconteceu nos dias 27 e 28 de setembro na Maternidade Dr. Graciliano Lordão. Ao todo, 48 pessoas passaram por cirurgias: 20 pacientes no primeiro dia e 28 no segundo.

Das 20 pessoas atendidas na sexta-feira (27), 15 apresentaram sintomas de endoftalmite, uma infecção ocular causada pela bactéria Enterobacter cloacae.

“Infelizmente, 15 pacientes foram acometidos pela infecção bacteriana. Destes 15, 8 tiveram que retirar o globo ocular, 4 fizeram cirurgia de vitrectomia [substituição de um gel que fica dentro do olho] e 3 seguem sendo acompanhados pelos oftalmologistas”, informou o secretário de Saúde do município, Tiago Tibério dos Santos.

 

Ainda de acordo com o secretário, o município abriu inquérito civil público e começa nesta terça-feira (15) a ouvir as pessoas envolvidas no caso. Representantes da empresa Oculare Oftalmologia Avançada LTDA, contratada pelo município para realizar o mutirão, devem ser ouvidos nesta quarta-feira (16).

Segundo o município, cerca de 330 procedimentos do mesmo tipo foram realizados desde maio de 2022, antes do mutirão de setembro. “Apenas nesse tivemos complicações”, declarou o secretário.

Em nota, a empresa afirmou que o mutirão foi conduzido por “oftalmologista experiente, tendo seguido os protocolos médicos e de segurança exigidos”.

Uma das pacientes afetadas é a cabelereira Izabel Maria dos Santos Souza, de 63 anos, que precisou fazer o procedimento chamado evisceração ocular no último dia 4 de outubro. A ação consiste na retirada do conteúdo do globo ocular, mas preserva os músculos da região.

Na manhã desta terça-feira (15), ela seguia internada no Hospital Universitário Onofre Lopes, em Natal.

“Ela está bem melhor, mas continua internada para o restante do tratamento, para ver se elimina a bactéria, que se espalhou para a pálpebra, para não passar para o cérebro e não virar algo mais grave”, afirmou um dos filho dela, Evandro Santos.

“O psicológico dela está bem mexido, tanto para ela quanto para a família também, por ter precisado tirar o olho. Até agora não temos nada de informações sobre o que realmente aconteceu”, conta o filho.

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