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17 outubro 2024

Achado histórico: seca revela navio do Século XIX que naufragou no rio Madeira

A seca severa que atinge o Rio Madeira este ano revelou destroços de um navio que historiadores afirmam ser do Século XIX. Os restos da embarcação estão encalhados na passagem do Pedral do Marmelo, localizado no município de Manicoré, interior do Amazonas.

Nesta quarta-feira (16), o nível do Rio Madeira atingiu a cota de 10,53 metros, segundo dados da Defesa Civil do Estado. O Amazonas enfrenta uma crise ambiental sem precedentes em 2024, com uma seca que chegou antecipada e já impacta mais de 800 mil pessoas no estado, segundo a Defesa Civil do Amazonas.

Os destroços históricos foram vistos pela primeira vez este ano por marinheiros e pescadores que transitavam pela região na última semana de setembro.

De acordo com o doutor em história social, Caio Giulliano Paião, ainda não foi possível determinar com precisão qual é a embarcação encontrada. Para isso, será necessária uma pesquisa no local para o cruzamento de dados com obras de autores que escreveram a respeito da navegação na Amazônia.

O professor diz, no entanto, que pelas características dos destroços que emergiram das águas, é possível afirmar que a embarcação é uma construção norte-americana conhecida como “chata”, feita para navegação em leitos rasos ou para evitar pedras e troncos submersos.

“Certamente é um navio construído entre a segunda metade do século XIX e início dos anos 1900. Agnello Bittencourt elencou alguns naufrágios que se encaixam nessas características no rio Madeira. Precisaríamos de uma pesquisa mais acurada, mas alguns nomes nos veem à cabeça pelas características dos navios e localização aproximada de seus naufrágios. Os vapores: Içá (1881-1893), Canutama (construído em 1900) e a lancha Hilda”, explicou o historiador.

A superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Amazonas, Beatriz Calheiros, informou que teve conhecimento do aparecimento da embarcação, mas até o momento não existem mais informações técnicas do contexto histórico do navio.

“Embora possam ter relevância histórica, essas embarcações ainda não são oficialmente reconhecidas como patrimônio cultural, o que requer procedimentos formais”, explicou Beatriz.

Pessoas da região viram o navio pela primeira vez

 

Segundo os marinheiros que navegam pela região, as poucas partes dos destroços que ficavam visíveis em outras secas eram, muitas vezes, confundidas com pedras, mas foi apenas em 2024 que a embarcação apareceu por completo.

Chefe de máquinas de uma empresa de balsas que atua nesse trecho do Rio Madeira, Claudiomar Araújo, de 56 anos, explicou que já trabalha há muito tempo na região e, durante outras secas, o máximo que já tinha visto era a ponta do mastro do navio.

“Sempre nas secas do Madeira já chegou a aparecer a ponta dele, era até usado como referencial, mas era muito raro acontecer. Esse ano foi a primeira vez que ele apareceu mesmo. Eu trabalho há quase 15 anos viajando pelo Madeira e sempre seca muito, mas raramente a gente via algo do navio”, disse Claudiomar.

“Meu avô contava essa história para gente, nem meu pai tinha visto. Nos só ouvíamos histórias, a gente nunca tinha visto, agora a gente pode observar com a descida dos rios. Para gente é uma surpresa muito emocionante porque a gente só ouvia histórias que esse navio transportava borracha e minério”, relata.

Seca já revelou outros itens históricos neste ano

 

Em setembro, as ruínas do Forte São Francisco Xavier de Tabatinga foram reveladas com a descida do Rio Solimões. Localizado na margem esquerda do rio, abaixo do terminal hidroviário da cidade, o forte construído no século XVIII foi uma peça-chave para o domínio de Portugal sobre a região, em um período marcado pela disputa territorial com a Espanha.

No mês de agosto, dois canhões que eram usados para a proteção do Forte, foram avistados quando o Rio Solimões atingiu a cota de 49 centímetros, no trecho próximo a Manicoré, interior do Amazonas. Essa é maior seca dos últimos 42 anos na localidade.

G1

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