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24 novembro 2024

Militares tentam dar golpe de Estado na Bolívia

Está em curso uma tentativa de golpe de estado na Bolívia, denunciou o ex-presidente Evo Morales na rede social X-Twitter. “Apelamos a uma mobilização nacional para defender a democracia face ao golpe de estado liderado pelo general Zuñiga. Declaramos greve geral e bloqueio de estradas por tempo indeterminado. Não permitiremos que as Forças Armadas violem a democracia e intimidem o povo”, escreveu Morales.

O presidente boliviano, Luis Arce, juntamente com seu Gabinete Ministerial, denunciou a tentativa de golpe de Estado, após o movimento incomum de tropas militares na Praça Murillo, na cidade de La Paz, e apelou ao povo para se organizar e defender a democracia.

“O povo boliviano está hoje convocado, precisamos que o povo boliviano se organize e se mobilize contra o golpe de Estado e a favor da democracia. Não podemos permitir, mais uma vez, tentativas de golpe que ceifem vidas bolivianas”, denunciou em mensagem presidencial.

“Aqui estamos firmes em Casa Grande, com todo o Gabinete, com as nossas organizações sociais”, afirmou Arce.

A movimentação dos tanques militares começou a partir das 14h30 desta quarta. Eles estavam estacionados em torno da Plaza Murillo, centro do poder político na Bolívia, onde funcionam os órgãos Executivo e Legislativo.

Segundo a CNN Portugal, citando a agência de notícias Efe, o ex-comandante do Exército, Juan José Zúñiga, destituído do cargo na terça-feira (25), tenta um golpe contra o Poder Executivo. “Os três chefes das Forças Armadas vão expressar a nossa consternação. Haverá um novo gabinete de ministros, certamente porque as coisas vão mudar, mas o nosso país não pode continuar como está”, disse Zuñiga, citado pela Reuters.

A mesma agência de notícias cita depoimento de que um tanque do Exército teria parado na entrada do Palácio Nacional da Bolívia, em La Paz, residência do presidente, enquanto soldados entravam no prédio.

Em vídeos nas redes sociais, é possível observar uma forte mobilização militar nas ruas da Bolívia, com armas e tanques de guerra comandados por Zúñiga.

Segundo o correspondente da teleSUR, Freddy Morales, o número de soldados na Plaza Murillo, em La Paz, é elevado. Fecharam as entradas desta área e dificultam o trabalho dos jornalistas. Muitos dos soldados estão encapuzados.

A teleSUR acrescenta que “Zúñiga entrou no Palácio do Governo e manifestou que todas as Forças estão mobilizadas”, exigindo uma mudança total de gabinete. Depois voltou para dentro do tanque estacionado na Plaza Murillo.

O Ministro de Obras Públicas, Edgar Montaño, afirmou: “O que nós, bolivianos, vamos fazer é defender toda a Bolívia e seus habitantes”, lembrando que a democracia já havia sido retomada.

Por sua vez, a ministra da Presidência, María Nela Prada, denunciou “perante o povo boliviano e a comunidade internacional uma tentativa de golpe de Estado aqui no Estado Plurinacional da Bolívia” e informou que “os quatro cantos foram tomados, dentro da Plaza Murillo e em frente ao Palácio do Governo”.

Caminhões pesados nas estradas da Bolívia
Caminhões pesados nas estradas da Bolívia (foto Agencia Boliviana de Informação)

Acordo com transportadores

Mais cedo, o Governo da Bolívia e a Câmara Boliviana de Transportes anunciaram que chegaram a um acordo para desativar a ameaça de bloqueios rodoviários a partir desta quinta-feira por parte dos operadores de transporte pesado.

O acordo foi assinado na madrugada desta quarta-feira após uma maratona que durou mais de 15 horas e estabelece o cronograma de trabalho para atender às demandas do setor por meio de reuniões técnicas. A assinatura do acordo foi realizada pelo ministro da Economia e Finanças Públicas, Marcelo Montenegro, além do líder do transporte pesado, Héctor Mercado.

A liderança dos transportes suspendeu o plano de bloqueio das estradas do país, com a exigência de abastecimento de combustível, fornecimento de dólares e exigências fiscais. “Está descartado qualquer tipo de mobilização (…) foram alcançados bons acordos na questão tributária, que estávamos buscando. Portanto, devo enfatizar à população boliviana que eles devem manter a calma: não vamos sair com bloqueios na quinta-feira”, disse Mercado em entrevista coletiva conjunta com o governo.

Os transportadores ameaçavam bloquear estradas e fechar fronteiras por tempo indeterminado a partir desta quinta-feira, exigindo soluções para a escassez de dólares para as suas atividades e redução das constantes filas para compra de combustível.

Por seu lado, Montenegro destacou a importância do diálogo para a resolução de conflitos, salientando que foi alcançado um consenso que demonstra que “bons portos são alcançados” através do diálogo. O acordo alcançado entre as partes prevê que o Banco Central da Bolívia forneça os dólares necessários, além do fornecimento contínuo de combustível.

Com informações da Agência Xinhua, Agência Boliviana de Notícias, teleSUR e CNN Portugal

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